sábado, 18 de abril de 2015

Porque hoje é sábado

A maior metade eu já vi desta flutuante vida. 
Ah! Mágica palavra essa metade! 
Tão significativa! 
Convida-nos a degustar a alegria de mais do que podemos possuir. 
A metade do caminho para o homem, 
é o melhor estado quando o passo mais lento lhe autoriza a calma; 
um amplo mundo jaz entre o céu e a terra; 
viver a meio caminho entre o campo e a cidade, 
ter granja a meio do caminho do arroio e da colina; 
ser metade estudioso e metade proprietário, e metade negociante, 
viver metade como os nobres e metade como a gente comum; 
e possuir uma casa que é metade luxuosa e metade singela, 
elegantemente meio mobiliada e meio desnuda; 
vestuários que não são velhos nem novos, 
e a comida metade epicúria e metade vulgar; 
ter serventes nem muito hábeis nem muito tolos; 
uma esposa que não é nem demasiado simples nem demasiado sabida... 
Então sinto no coração que sou pela metade um Buda 
e quase pela metade um santo espírito taoísta. 
A metade de mim ao Céu Nosso Pai devolvo, a outra metade a meus filhos deixo... 
Metade pensando como prover a minha posteridade 
e metade pensando como defrontar-me com o Senhor dos Mortos. 
É mais prudente ébrio quem é metade ébrio. 
E as flores meio abertas são mais belas. 
Como navegam melhor os barcos a meia-vela e melhor trota o cavalo a meia-rédea! 
Quem tem uma metade demais, que ansiedade! 
Mas quem de menos tem com mais fervor possui sua metade. 
Pois a vida é composta de amargor e doçura, 
e é mais sábio e mais hábil quem só lhes prova a metade.

(Li Mi-na)

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