quarta-feira, 22 de julho de 2015

Volta ao teu coração



"Quando fores te engajar em um caminho, pergunta a ti mesmo se esse caminho possui um coração”, disse Dom Juan, o iniciador de Carlos Castañeda.

Não se trata do coração físico, sequer do coração afetivo e emocional, mas do coração como centro de integração de todas as faculdades da pessoa; o coração como centro do homem – praticamente todas as grandes tradições da humanidade dão testemunho disso.
Um dos dramas do homem contemporâneo é ter perdido o seu coração. Não existe nada entre o cérebro e o sexo; às vezes apenas uma imensa saudade... mas frequentemente passamos das mais frias análises aos excessos pulsantes mais levianos. Dessa maneira, o homem torna-se cada vez mais esquizofrênico, tendo perdido o seu centro de integração, de personalização do seu ser: o coração.
Uma inteligência sem coração não é realmente humana. 
Quando os bancos de memória de um computador são decuplicados, ele torna-se mais inteligente do que o homem. 
A inteligência sem o coração, a ciência sem consciência, ilumina nossas sociedades com uma luz fria onde o homem se gela, se analisa e se entedia...
Uma sexualidade sem coração não é uma sexualidade realmente humana, qualquer que seja a quantidade das nossas intensidades pulsantes, é apenas em uma relação de pessoa a pessoa que o prazer efêmero pode se transformar em felicidade permanente.
No verdadeiro amor, dizia Nietzsche, é a alma que envolve o corpo.
É o coração que dá um sentido aos nossos enlaces, assim como é o coração que pode orientar as descobertas da inteligência em um sentido positivo à vida da humanidade.
Vivemos na época das luzes neon e dos cobertores elétricos, das luzes frias e dos calores opacos. Não é possível se aquecer junto a uma luz neon, não nos iluminamos junto a um cobertor elétrico. 
Perdemos a chama que é ao mesmo tempo luz e calor. 
“Redire ad cor” – “volta ao teu coração”: as palavras do profeta são mais atuais do que nunca.
(Jean- Yves Leloup)

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