sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O tempo, a vida



Compreender o mundo exige que se mantenha uma certa distância dele. 
Ampliamos coisas que são demasiado pequenas para serem vistas a olho nu, como moléculas e átomos. Reduzimos coisas que são demasiado grandes, como nuvens, deltas e constelações. Só fixamos o mundo quando o temos ao alcance dos nossos sentidos. A essa fixação chamamos conhecimento. 
Durante a nossa infância e juventude lutamos para manter a distância correta das coisas e dos fenômenos. Lemos, aprendemos, experimentamos, corrigimos. 
Então, um dia, chegamos ao ponto em que todas as distâncias necessárias foram determinadas, todos os sistemas foram estabelecidos. É aí que o tempo começa a acelerar. Já não encontra qualquer obstáculo, está tudo determinado, o tempo passa rapidamente pelas nossas vidas, os dias sucedem-se num piscar de olhos, e, antes que nos apercebamos do que está acontecer, temos quarenta, cinquenta, sessenta anos...

(Karl Ove knausgård)

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