Compreender
o mundo exige que se mantenha uma certa distância dele.
Ampliamos coisas que
são demasiado pequenas para serem vistas a olho nu, como moléculas e átomos.
Reduzimos coisas que são demasiado grandes, como nuvens, deltas e constelações.
Só fixamos o mundo quando o temos ao alcance dos nossos sentidos. A essa
fixação chamamos conhecimento.
Durante a nossa infância e juventude lutamos
para manter a distância correta das coisas e dos fenômenos. Lemos, aprendemos,
experimentamos, corrigimos.
Então, um dia, chegamos ao ponto em que todas as
distâncias necessárias foram determinadas, todos os sistemas foram
estabelecidos. É aí que o tempo começa a acelerar. Já não encontra qualquer
obstáculo, está tudo determinado, o tempo passa rapidamente pelas nossas vidas,
os dias sucedem-se num piscar de olhos, e, antes que nos apercebamos do que
está acontecer, temos quarenta, cinquenta, sessenta anos...
(Karl
Ove knausgård)
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